O bispo de San Cristobal de las Casas, México, Felipe Arizmendi Esquivel, comenta a mensagem do Papa Bento XVI para o Dia Mundial da Paz, que incide sobre a educação da juventude para que possam ser construtores de paz e não se deixem seduzir por ambientes violentos.
Muitos
assassinos e sequestradores são jovens. Sem oportunidade de estudo ou
trabalho, são recrutados pelo crime organizado, que os obriga a vender
drogas, extorquir, matar. Jovens agricultores são levados a cultivar e
cuidar de plantações de maconha e outras drogas, das quais não são
proprietários. Outros, buscadores de novas sensações, se organizam em
gangues ou pequenos grupos para beber, se divertir, vagabundar e viver
às custas de seus pais ou do que eles roubam. Alguns se gabam das
pichações, nas quais marcam seus territórios, seus sentimentos, suas
rejeições sociais, sem respeitar as casas de outras pessoas e nem
monumentos históricos.
Outros
emigram e deixam suas comunidades, por necessidade econômica ou por
convite de outros que já viveram essa experiência. Perdem a sua cultura,
a riqueza da sua língua, seus costumes, sua vivência familiar e
comunitária; tornam-se individualistas, interessados principalmente no
dinheiro; se prostituem, se contagiam de atitudes e de critérios
destrutivos, também de AIDS, que transmitem também ao seu redor. Quando
retornam, se sentem estranhos; criticam os mais velhos e os seus
compatriotas; contaminam a outros jovens com hábitos imorais; tomam
drogas para se sentirem fortes; querem dar a impressão de que são
grandes e bem sucedidos só porque usam celulares modernos, brincos,
roupas e penteados extravagantes, camisas com sinais em Inglês, música
aos berros. Muitos mudam de religião, ou se distanciam completamente de
Deus.
CRITÉRIOS
Na
sua mensagem deste ano para o Dia Mundial da Paz, o Papa Bento
convida-nos a educar os jovens para serem construtores de justiça e paz,
com a ajuda da família, das instituições educacionais, dos responsáveis
políticos, da mídia e da Igreja. Convida-nos a "prestar atenção ao
mundo juvenil, para saber ouvi-lo e apreciá-lo. É necessário transmitir
aos jovens uma apreciação pelo valor positivo da vida, incutindo neles o
desejo de gastá-la à serviço do bem. Este é um dever no qual todos
estamos empenhados em primeira pessoa. A Igreja olha para os jovens com
esperança, confia neles e incentiva-os a buscar a verdade, a defender o
bem comum, a ter uma mente aberta sobre o mundo e olhos para ver coisas
novas." Ele lhes diz: “nunca estais sozinhos. A Igreja confia em vós,
vos segue, vos anima e vos deseja oferecer o que ela tem de
mais valioso: a possibilidade de levantar os olhos para Deus, de
encontrar a Jesus Cristo, Aquele que é a justiça e a paz”.
O
que fazer em concreto? O Papa diz: "Para ser verdadeiramente
construtores da paz, devemos ser educados na compaixão, na
solidariedade, na colaboração, na fraternidade; temos que estar ativos
dentro das comunidades e atentos para despertar as consciências sobre as
questões nacionais e internacionais, e sobre a importância de buscar
formas apropriadas de redistribuição da riqueza, de promoção do
crescimento, da cooperação ao desenvolvimento e da resolução de
conflitos. Convido especialmente os jovens, que sempre mantiveram vivos
os ideais, a terem a paciência e a perseverança de perseguirem a justiça
e a paz, de cultivar o gosto pelo que é certo e verdadeiro, mesmo
quando isso possa implicar sacrifício e ir contracorrente. "
PROPOSTAS
Os jovens precisam ser ouvidos. Dediquemos a eles parte do nosso tempo.
Os
jovens são inquietos. Atendamos-lhes com paciência e serenidade; não
queiramos que sejam como adultos; amadurecer é um processo lento, que
não pode ser violentado.
Os
jovens são dinâmicos e generosos. Organizemos com eles não só dinâmicas
para entretê-los, mas atividades que lhes façam experimentar como é
bonito servir a Deus e a comunidade. Por exemplo, propor-lhes uma
abordagem criativa da Palavra de Deus e da oração, visitar os doentes,
deficientes, campanhas para limpar ruas e estradas, plantio de árvores e
proteção de nascentes, workshops de cura psicológica nas relações
familiares, etc. Assim, eles vão se educando para serem portadores de
justiça, de amor e paz.
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